O Grupo de Trabalho para a Matemática produziu o relatório “Recomendações para a melhoria das aprendizagens dos alunos em Matemática” onde consta a
Recomendação 11: Um currículo de Matemática para o Ensino Secundário (...) No caso do Ensino Profissional, é imperioso uma reformulação dos diversos módulos que já existem e a inclusão de novos que possam ser usados em alguns cursos tendo em conta a respetiva relevância. As possibilidades de exploração matemática nas diferentes áreas de formação devem ser diversificadas, com recurso a ferramentas matemáticas não suficientemente contempladas (por exemplo, em Estatística, Métodos Numéricos e Otimização), tirando partido das potencialidades das tecnologias.
Os Cursos Profissionais de nível IV, em Portugal permitem às escolas a organização dos Planos Curriculares e a escolha de um conjunto de Unidades de Formação, que permitem ir de encontro às necessidades do tecido empresarial onde as escolas se localizam. Porém, esta flexibilidade não se verifica na disciplina de Matemática.
A atual organização curricular dos cursos profissionais tem uma estrutura de construção que parece urgente corrigir… Nos cursos com maior carga horária de Matemática (300 ou 200 horas) não existe a possibilidade de diversificar ou adaptar o currículo ao perfil profissional de cada aluno. E essa possibilidade verifica-se apenas nos cursos onde a carga horária da disciplina é menor (100 horas), retirando a possibilidade de que a adequação seja bem conseguida.
Assim, seria desejável a existência de um leque diversificado de módulos opcionais de modo a que, cada professor, de acordo com a oferta formativa de cada escola, pudesse selecionar os módulos que melhor se adequem ao perfil profissional exigido para cada curso. Esses módulos poderiam ser escolhidos de acordo com a formação técnica de cada curso e na sua planificação o professor poderia construir tarefas interdisciplinares ou projetos que permitissem que os alunos mobilizassem conhecimento prévio sobre a área profissional, assumindo-se como uma oportunidade para articular a matemática com outras áreas do saber.
É necessário que o currículo de Matemática para o Ensino Secundário Profissional prepare qualquer cidadão para uma plena integração no mundo de trabalho e para o eventual surgimento de novas profissões, dotando os alunos de competências transversais e de auto aprendizagem. Deste modo, o currículo de Matemática deverá acompanhar o que se prevê para o futuro, contribuindo para o desenvolvimento de valores e competências matemáticas contempladas no documento Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.
Os Cursos Profissionais têm como principal objetivo a formação de técnicos de nível intermédio, para a sua integração no mercado de trabalho. O currículo de Matemática deveria salvaguardar uma formação que permitisse a transferência de conhecimentos entre a disciplina e o perfil profissional de cada curso. A preparação para o mercado de trabalho pressupõe um currículo com modelação matemática, trabalho experimental ou de projeto, associados a situações em contexto real, significativas para os alunos. Por que não estudar problemas da vida real que possam ser abordados em determinados módulos? Entre vários exemplos, a análise de tabelas de IRS, faturas, créditos bancários ou vencimento de um trabalhador. A elaboração de notas de encomenda ou a planificação de viagens?
Encontrar a melhor localização para propagadores de sinal de Wifi ou estudar o movimento mecânico de uma fresadora mecânica ou decidir sobre a trajetória de um robô?
Identificar padrões de crescimento alométrico ou ainda utilizar a tecnologia para determinar a área de um terreno?
Encontrar a beleza da Matemática e identificá-la na contemplação da Arte e Natureza?
Estudar grafos construindo planos de viagem ou organizando roteiros turísticos ou trilhos na natureza?
Alexandra Rodrigues
Nélida Filipe
Teresa Santos
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