sábado, 19 de dezembro de 2020

Python no ensino da Matemática - uma perspetiva no Reino Unido

O vídeo seguinte (em inglês) apresenta uma muito interessante introdução à questão do uso do Python no ensino da Matemática no Reino Unido.

Ao longo do vídeo há diversas referências importantes e uma brevíssima introdução à própria linguagem. Há também indicações muito úteis sobre ambientes de trabalho para Python.

 Mais abaixo estão links para algumas das referências que são dadas no vídeo.

 

Python for A-Level Mathematics and Beyond - Versão em html de um Jupyter Notebook com 42 pequenos exemplos de programas em Python ligados ao currículo de Matemática do Reino Unido.

Personal Homepage: Dr Stephen Lynch FIMA SFHEA - Site pessoal do autor. Na página das publicações tem links para pdfs de várias publicações.

Computational Modelling: Technological Futures - Relatório do Government Office for Science, do Reino Unido (2018), que discute aspetos ligados à modelação matemática e computacional e ao seu impacto na economia do Reino Unido e inclui recomendações.

The Era of Mathematics - An Independent Review of Knowledge Exchange in the Mathematical Sciences - Um relatório do Professor Philip Bond com uma série de recomendações relativas à ligação da Matemática à sociedade no Reino Unido. Uma das recomendações para o ensino superior é: 
8. All mathematics students should acquire a working knowledge of at least one programming language.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Pensamento computacional

Deve o pensamento computacional ser introduzido no ensino? No ensino da disciplina de Matemática?

O Grupo de Trabalho de Matemática debruçou-se sobre as necessidades futuras relativas à educação matemática tal como são vistas por várias instituições a nível mundial, nomeadamente do Institute For the Future- IFTF

Aqui é reproduzida uma parte do parágrafo 9.3.3 (p. 285-291) do documento Recomendações para a melhoria das aprendizagens dos alunos em Matemática (versão final - 27 de março de 2020), elaborado pelo Grupo de Trabalho de Matemática, que foi publicado na página da Direção Geral da Educação . 

O Grupo de Trabalho de Matemática foi constituído em 2018 pelo Despacho n.º 12530/2018, de 28 de dezembro para "proceder à análise do fenómeno do insucesso, tendo em vista a elaboração de um conjunto de recomendações sobre a disciplina de Matemática - ensino, aprendizagem e avaliação."

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O IFTF (Davies, Fidler & Gorbis, 2011) inclui entre as competências chave para o mercado de trabalho as seguintes:

TRANSDISCIPLINARIDADE: literacia e capacidade de compreender conceitos através de múltiplas disciplinas; é preciso educar investigadores para que consigam falar a língua de múltiplas disciplinas – biólogos que tenham compreensão da matemática e matemáticos que compreendam a biologia; o trabalhador ideal da próxima geração deve compreender profundamente pelo menos um campo, mas deve ter igualmente a capacidade de conversar na linguagem de um vasto campo de disciplinas. (p. 11)

PENSAMENTO COMPUTACIONAL: capacidade de traduzir grandes conjuntos de dados em conceitos abstratos e compreender o raciocínio baseado nos dados, estando igualmente ciente das suas limitações, sendo que mesmo os melhores modelos são aproximações da realidade e não a própria realidade. (p. 10)

 

É de fazer notar que a expressão pensamento computacional foi introduzida por Jeannette Wing em 2006, tendo vindo a evoluir desde então. Segundo a análise efetuada por Bocconi, Chioccarello, Dettori, Ferrari e Engelhardt (2016), o pensamento computacional é normalmente encarado como uma metodologia de resolução de problemas associada a um conjunto de conceitos e competências como abstração, pensamento algorítmico e decomposição estruturada dos problemas. O pensamento computacional não deve ser confundido com as chamadas competências digitais ou literacia digital. O foco no pensamento computacional pode mesmo ser associado a uma crítica implícita ao modo como a literacia digital terá sido por vezes mais associada às tecnologias e ao uso de ferramentas digitais do que às ideias e à ciência em que se baseia a tecnologia da revolução digital. Embora apareça associado à programação de computadores, o pensamento computacional é mais vasto. A programação pode ser vista como uma forma de expressão e de concretização do pensamento computacional.

O mesmo relatório analisa a integração do pensamento computacional nos currículos de treze países (Portugal, outros onze países europeus e Turquia) com base nas respostas a um inquérito dadas pelos respetivos ministérios da educação. Em Portugal o pensamento computacional aparece no 1.º Ciclo do Ensino Básico através do programa Iniciação à Programação no 1.º Ciclo do Ensino Básico, e nas metas curriculares da disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação nos 7.º e 8.º anos. Em França e na Finlândia o pensamento computacional faz parte do currículo de Matemática. Na maioria dos países, a principal razão para a inclusão do pensamento computacional no currículo é o desenvolvimento das competências do século XXI e em alguns países, como a Finlândia e Portugal, existe o objetivo específico de melhorar o desempenho dos alunos e aumentar o seu interesse na Matemática (Bocconi et al., 2016)

O pensamento computacional enquadra-se ainda na área de competências Saber científico, técnico e tecnológico do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, de modo que os alunos sejam capazes de

executar operações técnicas, segundo uma metodologia de trabalho adequada, para atingir um objetivo ou chegar a uma decisão ou conclusão fundamentada, adequando os meios materiais e técnicos à ideia ou intenção expressa. (Martins et al., 2017, p. 29)


Referências

Bocconi, S., Chioccariello, A., Dettori, G., Ferrari, A., & Engelhardt, K. (2016). Developing computational thinking in compulsory education – Implications for policy and practice. Luxembourg: Publications Office of the European Union.

Davies, A., Fidler, D., & Gorbis, M. (2011). Future work skills 2020. California: Institute for the Future for the University of Phoenix Research Institute, Palo Alto. Obtido de www.iftf.org

Martins, G., Gomes, C., Brocardo, J., Pedroso, J., Carillo, J., Silva, L., Encarnação, M., Horta, M., Calçada, M., Nery, R., & Rodrigues, S. (2017). Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória. Lisboa: Direção-Geral da Educação, Ministério da Educação.

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