Hoje, dia 30 de setembro de 2025, a OCDE promoveu um debate a distância sobre como abordar a crescente falta de professores em cada vez mais países do mundo ("How to tackle teacher shortages").
Este debate foi promovido pela OCDE, uma semana antes de serem divulgados os resultados do último estudo TALIS, que poderão fornecer dados mais detalhados sobre a questão.
A questão é claramente dramática pois faltam cerca de 40 milhões de professores em todo o mundo e não apenas nas regiões economicamente menos desenvolvidas. As razões variam de região para região. Nuns lados não se conseguem formar professores suficientes para responder ao alargamento da escolaridade, noutros o orçamento para a educação não permite contratar professores suficientes, para outros há abandonos da profissão devido às condições de lecionação e às condições remuneratórias.
Eis alguns testemunhos apresentados nesse debate:
"Trabalho na área de educação científica há mais de 50 anos. Sempre houve uma escassez crónica de professores de física, química e matemática naquela época. Pensar que se conseguirão recrutar mais pessoas é um exemplo de repetir continuadamente os mesmos argumentos e esperar uma solução diferente. É realmente necessário um pensamento criativo e inovador para resolver este problema."
"Os salários dos professores no México são um grande problema; normalmente, eles precisam encontrar uma segunda ou terceira fonte de rendimento. Sem mencionar a enorme escassez de profissionais docentes."
"Uganda acolhe cerca de dois milhões de refugiados, a maioria dos quais são jovens de origens multilinguística e necessitam de educação. A admirável política de portas abertas do governo do Uganda acolhe refugiados de vários países para que frequentem a escola juntamente com outros ugandeses. Infelizmente, devido aos cortes significativos de financiamento, o desafio da falta de professores agravou-se em contextos humanitários. Embora o governo pague um número significativo de professores, a necessidade sempre exigiu o apoio de parceiros. A proporção média de professores por aluno em contextos humanitários onde trabalho é de 1 para 117, em vez de 1 para 53."
A ex-Ministra da Educação da Islândia disse que a questão, conhecida na Islândia quando tomou posse, da futura falta de professores, indicou que começou por reunir com as associações de professores para discutir o que os professores no terreno pensam que se deve fazer. Também trabalhou diretamente com as instituições de formação inicial de professores. Reconheceu que a questão não está resolvida na Islândia, mas foi possível aumentar para o triplo a formação inicial de professores. Um dos constrangimentos atuais é a diminuição do financiamento público, defendendo um maior envolvimento das comunidades locais.
Duas questões muito discutidas foram a necessidade de uma maior autonomia dos professores no seu trabalho, mas também de uma preparação mais focada no desenvolvimento de competências necessárias para poder tirar partido da autonomia existente ou reforçada. A importância da formação contínua de professores em serviço foi também referida.
Uma outra questão muito discutida foi a do respeito pela profissão de professores em contraste com a competência e experiência necessárias aos professores, sendo que, no início da carreira, os professores precisam de apoio e uma demasiada autonomia pode ser negativa. A autonomia não parece ser atribuída em função da experiência mas aleatória ou generalizada sem critério.
Uma das sugestões feitas foi a de recrutar para a carreira de professor profissionais de outras áreas, mas com uma formação inicial acelerada, pois não é praticável que as pessoas com uma dezena ou mais de anos de experiência noutras áreas frequentem as formações alongadas dos jovens, até porque aqueles já desenvolveram um conjunto de conhecimentos e competências que não podem ser ignorados.
Outra sugestão foi a de criar comissões locais, envolvendo todos os interessados para discutir o que se poderá/deverá fazer em cada região para minorar a questão da falta de professores.