quinta-feira, 1 de agosto de 2019

A Matemática no Ensino Profissional em Portugal - proposta de recomendações

O ensino profissional em Portugal é alvo de escassas discussões e estudos, o que não deixa de ser surpreendente quando o objetivo de sucessivos governos tem sido o de atingir o nível de 50% dos alunos do ensino secundário a frequentar o ensino profissional.
O Grupo de Trabalho de Matemática foi constituído em 2018 pelo Despacho n.º 12530/2018, de 28 de dezembro para "proceder à análise do fenómeno do insucesso, tendo em vista a elaboração de um conjunto de recomendações sobre a disciplina de Matemática - ensino, aprendizagem e avaliação."
Aqui são reproduzidas as recomendações que se referem diretamente ao capítulo 4 (p. 98-109) do documento Recomendações para a melhoria das aprendizagens dos alunos em Matemática (1.ª versão - 30 de junho de 2019), elaborado pelo Grupo de Trabalho de Matemática, que está em discussão pública até 12 de outubro, sendo que os comentários e sugestões devem ser enviados para a Direção Geral da Educação para o endereço dsdc@dge.mec.pt.



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Recomendação 1: Um currículo de Matemática global e alinhado
A elaboração urgente de um currículo de Matemática para todos os ciclos de escolaridade (do 1.º Ciclo do Ensino Básico até ao final do Ensino Secundário). Este currículo deverá substituir todos os Programas de Matemática, em particular o Programa e as Metas Curriculares em vigor, bem como as Orientações de Gestão Curricular e as Aprendizagens Essenciais que deles decorreram, eliminando a profusão de documentos curriculares nacionais díspares, que atualmente coexistem dirigidos ao ensino da Matemática.
É imperioso que o novo currículo procure um alinhamento com as orientações curriculares internacionais tendo em vista a relevância da educação matemática na sociedade atual, as orientações curriculares de países cujos alunos apresentam elevado sucesso em Matemática, a coerência com o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória e com a evolução consistente das orientações nacionais que consideraram de forma integrada conhecimentos, capacidades e atitudes como objetos de aprendizagem em Matemática.


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Recomendação 14: Processos de mudança curricular nacionalmente regulados
Os processos de mudança curricular devem justificar-se por critérios de natureza técnico-científica. Devem ser sistematicamente acompanhados com dispositivos de monitorização e avaliação externa, que permitam a regulação de um novo currículo nacional de Matemática e dos consequentes documentos curriculares locais de Matemática, desde as fases de experimentação e implementação e durante toda a sua vigência, com vista às adequações necessárias.
Os processos devem ser temporalmente programados e acautelar o necessário faseamento das medidas de apoio, que requerem tempo para se tornarem eficientes.
Sendo os processos de desenvolvimento curricular extremamente complexos e exigindo uma atenção constante e prolongada, sugere-se a criação de uma entidade, como um instituto de desenvolvimento curricular, que se responsabilize inteiramente pela regulação dos processos de mudança curricular, incluindo a avaliação de manuais escolares.


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Recomendação 16: Um desenvolvimento curricular apoiado por recursos adequados
O desenvolvimento curricular deve ser apoiado por um conjunto de recursos diversos que efetivamente contribuam para práticas curriculares adequadas em Matemática. Entres estes, são fundamentais:
·      Bancos de recursos de acesso livre e fácil, incluindo tarefas, instrumentos de avaliação e relatos de experiência de sala de aula, que ilustrem boas práticas de ensino e inspirem o trabalho dos professores em Matemática;
·      Manuais digitais flexíveis que viabilizem a lógica de ciclo preconizada pelo currículo de Matemática e que sejam passíveis de articulação com os programas de Matemática localmente elaborados, dando a oportunidade de autoria curricular aos professores;
·      Laboratórios de Matemática ou conjuntos de recursos utilizáveis em salas de aula, que correspondam a um apetrechamento mínimo compatível com as experiências matemáticas a proporcionar, e que tenham a sua manutenção assegurada.

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Recomendação 23: Necessidade de programas de formação contínua em ensino da Matemática
A formação contínua de educadores e professores que ensinam Matemática deve ser alvo, a nível nacional, de um investimento continuado e focado na promoção do sucesso das aprendizagens de todos os alunos em Matemática, privilegiando estratégias que se foquem no desenvolvimento curricular tendo em conta o currículo de Matemática, centradas na sala de aula, com supervisão, que envolva professores que ensinam Matemática numa mesma escola, e em colaboração com as instituições do Ensino Superior. O foco da formação deve incidir tanto na área da Matemática, como na Didática da Matemática.
É importante que a formação contínua de professores seja desenvolvida no seu contexto, valorizando o trabalho colaborativo entre pares e reconhecendo-o como essencial para o desenvolvimento profissional.


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